Copa Roca/1914

08/10/2011

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* Localização

Careta, ano 7, número 329, 10 de outubro de 1914

* Descrição

– Foto superior – jogadores brasileiros que venceram a Copa Roca em Buenos Aires.

– Foto inferior – recepção aos jogadores brasileiros.

* Comentário

No último mês, foi realizado, com um jogo na Argentina e outro no Brasil, o torneio Superclássico das Américas, o novo nome da antiga Copa Roca, disputada, sempre entre Brasil e Argentina, desde 1914.

A competição foi idealizada pelo presidente argentino Julio Roca. Nessa primeira edição, houve um jogo único, realizado no Estádio do Gimnasia y Esgrima, em clima de grande cordialidade, sagrando-se o Brasil vencedor por 1 X 0. A vitória foi tão mais comemorada porque o país perdera, dias antes, uma partida amistosa por 3 X 0.

Na Argentina, os jogadores foram consagrados e o goleiro Marcos Carneiro de Mendonça carregado em triunfo. Ao chegarem ao país, a recepção eufórica se repetiu e obteve grande repercussão na imprensa.

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Club de Regatas Jardinense/1914

01/10/2011

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* Localização

Careta, ano 7, número 295, 24 de janeiro de 1914

* Descrição

Batismo do barco “Jardinense”, na Lagoa Rodrigo de Freitas

* Comentário

Nos dias de hoje, no Rio de Janeiro, as competições de remo são praticamente todas disputadas na Lagoa Rodrigo de Freitas. Mesmo os treinamentos lá são realizados, com exceção de alguns clubes, como o Guanabara, que ainda habitualmente usam as águas da Baía de Guanabara.

No início do século XX, todavia, as atividades náuticas eram majoritariamente organizadas na célebre Baía, inclusive as competições, que durante muitos anos tiveram como sítio principal a Praia de Botafogo, onde se encontrava o Pavilhão de Regatas.

Nessa época, entretanto, algumas agremiações já começavam a utilizar a, na época ainda distante, Lagoa Rodrigo de Freitas para suas atividades. Esse é o caso do Clube de Regatas Jardinense, uma associação de curta duração, fundado em 1905. Anteriormente, na Lagoa, tinha sido fundado o Grupo de Regatas Lagoense; em 1906 seria criado o Clube de Regatas Piraquê, até hoje existente, e em 1908 o Club de Regatas Laje.

Em 1918, chegaria a ser fundada a Liga Náutica da Lagoa Rodrigo de Freitas, que se manteve ativa até pelo menos a década de 1930.

Na foto vemos um dos momentos mais celebrados pelos agrupamentos náuticos, o “batizado” de um novo barco, sempre motivo de festa e congraçamento de sócios e convidados.

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Andar, mover as pernas/1914

24/09/2011

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* Localização

Careta, ano 7, número 313, 20 de junho de 1914

* Descrição

Charge com ironia à sugestão médica de fazer atividade física

* Comentário

De repente, uma novidade. Não tão de repente. Desde o século XIX, o esporte deixava paulatinamente de ser um simples jogo para ser concebido como uma prática a qual se adendavam novos valores. A sua relação com as noções de saúde e higiene começavam a se delinear.

Na segunda década do século XX, essa relação torna-se mais forte. As atividades físicas passam a ser apresentadas mais fortemente como um remédio para muitos males, um dos componentes de um novo estilo de vida valorizado.

Assim, a ironia era inteligível. Frente às “novas exigências”, bastava burlá-las, sem perder a pose, claro.

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Sport-Club America, na Gavea/1912

01/09/2011

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* Localização

Careta, ano 5, número 221, 24 de agosto de 1912

* Descrição

Foto das arquibancadas do campo do Carioca, por ocasião de jogo em que tomou parte o Sport Club America

* Comentário

A foto relembra antigos clubes do Rio de Janeiro, cujo passado deveriam ser melhor conhecidos.

O estádio é o do, na época, Carioca Football Club, que fora fundado em 1907 com o nome de Club Sportivo Victorioso, e que, em 1933, fundir-se-ia com o Gávea Sport Club, dando origem ao ainda existente Carioca Esporte Clube. Esse estádio localizava-se na Rua Dona Castorina, no Jardim Botânico, e acolheu importantes jogos nas três primeiras décadas de campeonatos de futebol no Rio de Janeiro.

O Sport Club América não se trata do mais conhecido América Futebol Clube, nem do clube de fábrica no qual Garrincha deu início a sua carreira. Trata-se de um clube que chegou a ser, em 1928 e 1929, bi-campeão carioca pela Liga Metropolitana de Desportos Terrestres, quando houve a cisão com a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos.

Registremos os times que disputaram o campeonato da AMEA de 1928 (segundo o sítio Campeões de Futebol, http://www.campeoesdofutebol.com.br):

AMERICANO Football Club (do bairro Riachuelo)

CAMPO GRANDE Athletico Club (de Campo Grande)

DRAMÁTICO Athletico Club (de Realengo)

ESPERANÇA Football Club (de Bangu)

FIDALGO Football Club (de Madureira)

FUNDIÇÃO NACIONAL Athletico Club (de São Cristóvão)

JORNAL DO COMMERCIO Football Club (do Centro-Santo Cristo-Gamboa)

MAVILIS Football Club (do Caju)

MODESTO Football Club (de Quintino Bocaiúva)

AMÉRICA SUBURBANO Football Club (de Bento Ribeiro)

Sport Club AMÉRICA (do Lins de Vasconcelos)

Sport Club BOA VISTA (do Alto da Boa Vista)

Club Athletico CENTRAL (do Rocha)

Sport Club CURUPAITY (do Catete)

DOUS DE JUNHO Football Club (do Caju)

MAGNO Football Club (de Madureira)

TERRA NOVA Football Club (Estrada da Pavuna)

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Por motivos profissionais, ficaremos duas semanas sem atualizar o blog. Voltaremos em 24 de setembro.

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Campo do Rio-Cricket (Nichteroy)

27/08/2011

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* Localização

Careta, ano 7, número 332, 31 de outubro de 1914

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* Descrição

Foto da equipe de futebol do Rio Cricket, em seu campo (localizado em Niterói), por ocasião de jogo disputado contra o Fluminense.

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* Comentário

É amplamente reconhecido que o primeiro jogo de futebol do Rio de Janeiro tenha se realizado, em 1901, no campo do Rio Cricket, em Niterói. A disputa foi contra uma equipe do Paissandú, uma promoção de Oscar Cox, um dos principais artífices da futura fundação do Fluminense Football Club.

É muito provável que outras partidas de futebol tenham sido antes disputadas no Rio de Janeiro sem, contudo, deixarem registros, pelo menos até onde sabemos. De qualquer forma, o jogo de Niterói merece destaque pelo fato de os clubes serem oriundos de uma mesma agremiação, o Rio Cricket Clube, fundado em 1872, em Botafogo; por serem basicamente formados por ingleses e seus descendentes; pelo pioneirismo.

Em 1906 seria organizado o primeiro campeonato “oficial” de futebol do Rio. Essas agremiações participaram ativamente das primeiras edições, o Paissandú chegando a ser campeão em 1914. Todavia, logo se retirariam dessas competições, notadamente quando o amadorismo foi sendo abandonado.

De qualquer forma, seguem vivos os clubes, que ocupam um lugar especial na nossa história esportiva.

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Uma partida de base ball no Fluminense Foot-Ball Club

20/08/2011

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* Localização

Careta, ano 4, número 163, 15 de julho de 1911

* Título

Fluminense Foot-Ball Club

* Descrição /Comentário

2 fotos de partida de beisebol disputadas no Fluminense Futebol Club

* Comentário

O beisebol, esporte de origem norte-americana, nunca logrou grande popularidade no Brasil. Por isso, pareceram-me curiosas as imagens de uma partida da modalidade sendo disputada em um dos mais importantes clubes do país, o Fluminense Futebol Clube (as imagens foram captadas nas instalações do bairro das Laranjeiras).

Aparentemente trata-se de um jogo isolado, já que não encontramos mais informações sobre outras partidas. Sabe-se que sócios do Clube da Light na ocasião se dedicavam à modalidade em seu tempo livre. Seriam jogadores dessa agremiação? Ou seriam visitantes que de alguma forma eram ligados aos Estados Unidos, ou por estarem morando no Brasil ou por serem parte da tripulação de algum navio que ancorou na cidade.

Quem seriam, afinal, esses jogadores que numa tarde agradável se dedicavam tão adequadamente trajados ao esporte?

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A Luta Romana de Mulheres/1910

13/08/2011

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* Localização

Careta, ano 3, número 103, 21 de maio de 1910

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* Descrição

Uma “prise”. Morgan (a mulata) e Nero, alcunhada Minas Gerais, em virtude das suas avantajadas proporções estéticas

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* Comentário

Em 1910, em um contexto em que ainda eram grandes as resistências a mulheres praticando esportes (especialmente algumas modalidades consideradas muito masculinas), o atleta Zeca Peixoto e o empresário Francisco Serrador organizaram, no Teatro São Pedro de Alcântara, no Rio de Janeiro, um “campeonato de lutadoras”. Tratava-se, na verdade, de uma temporada teatral, em conjunto com o grupo musical feminino Mirales; as lutas eram realizadas entre estrangeiras, com a participação de algumas brasileiras que vieram de São Paulo.

O evento teve grande repercussão na cidade. De um lado, houve boa acolhida do público e excelente repercussão na imprensa. De outro lado, houve estranhamentos. As roupas e posturas das competidoras chamavam a atenção e eram motivos de críticas. Os mais ligados ao campo esportivo, criticavam o formato de realização.

Certamente a realização desse certame trata-se de uma exceção à época. Vale, todavia, comentar que a grande divulgação, o sucesso da empreitada, o fato de ser notícia em importantes periódicos, o tempo em que foi motivo de curiosidade são indicadores de uma nova sensibilidade sendo gestada. Se persistiam as dúvidas quanto à adequação moral e física da prática (mais a primeira do que a segunda), a dimensão de espetáculo iria impulsionar cada vez mais a presença ativa de mulheres no âmbito esportivo.

E ficariam registrados na história da cidade os nomes daquelas incríveis “lutadoras”: a russa Schuwalod, Nero Berkson (que foi alcunhada de Minas Gerais, nome do navio adquirido pela Marinha brasileira à época), Philippi, Morgan, Nelson, Fisher, Rieb, Schmidt e as brasileiras Annita e Nenê.

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Abrahão Saliture/1911-1913

06/08/2011

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* Localização

Careta, ano 4, número 178, 28 de outubro de 1911 (foto maior)

Careta, ano 6, número 253, 5 de abril de 1913 (foto do canto superior direito)

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* Descrição

– Foto maior – Abrahão Saliture, remando pelo Club de Natação de Regatas, vencedor do Campeonato Brasileiro de Remo de 1911. Foto na Baía de Guanabara, na raia do Pavilhão de Regatas.

 – Foto do canto superior direito – Saliture na Enseada de Botafogo, depois de ter disputado prova de natação em Festival de Concursos Náuticos.

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* Comentário

As fotos não estão muito claras, mas o personagem é fascinante. Trata-se de Abrahão Saliture, um dos mitos dos primórdios dos esportes náuticos e aquáticos no país. Nadador, remador e jogador de pólo aquático, começou a fazer esportes para minimizar um defeito de infância no braço. Foi vencedor do 1º Campeonato Brasileiro de Natação, realizado em 1897, ganhou muitas outras provas, das 3 modalidades, no Rio e no País e tornou-se o primeiro brasileiro a vencer provas no exterior, no Uruguai e na Argentina. Teve uma carreira longeva. Com 37 anos participou da equipe brasileira nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, feito repetido nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, quando já tinha 49 anos.

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Casa Sportman/1912-1913

30/07/2011

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* Localização

Careta, ano 5, número 225, 21 de setembro de 1912 (foto da esquerda)

Careta, ano 6, número 248, 1 de março de 1913 (imagem da direita)

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* Descrição

– Foto da esquerda – Imagem da fachada da Casa Sportman, que se localizava na Rua dos Ourives, 25/27. No alto da fachada, logo abaixo do nome da loja, vemos uma informação sobre os produtos vendidos: calçados finos e artigos para sport.

– Foto da direita – Propaganda da loja oferecendo produtos para a prática do futebol, recebidos de Londres: camisas, bolas, chuteiras, gorros, apitos, bombas etc. Percebe-se que a loja tinha uma filial (provavelmente a matriz) na Avenida Rio Branco, 52. Destaca-se a bela gravura do jogador, com a bola em primeiro plano.

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* Comentário

A gestação de um mercado é uma das marcas da conformação do campo esportivo. No caso brasileiro, desde o século XIX havia lojas que se dedicavam a vender produtos para a prática das modalidades, embora não exclusivamente dedicadas a tal.

No caso do turfe e do remo, os produtos eram vendidos em lojas dedicadas à agropecuária ou atividades náuticas em geral. Lojas de roupas passaram a oferecer, entre outras coisas, vestimentas adequadas às novas práticas. Deve-se considerar que não era elevado o número de praticantes, embora já o fosse o número de assistentes.

Nesse sentido, o futebol tem grandes contribuições para o desenvolvimento desse nicho específico de mercado (a venda de produtos esportivos). Como se tornou rapidamente popular, cresceu o número de lojas que ofereciam equipamentos para sua prática. Com isso, essas mercadorias paulatinamente também se tornaram mais acessíveis, o que contribuiu para a substituição de materiais improvisados. Logo, a configuração do mercado também contribuiu para a popularização do futebol.

O caso da Casa Sportman, fundada em 1905, é um belo indício desse processo nos anos iniciais do século XX. A loja vinculava-se à prática esportiva já no nome, um indicador não só de que vendia produtos para a prática de modalidades, mas sim de que vendia produtos considerados adequados a um novo estilo de vida (mais sportivo).

Os produtos esportivos oferecidos eram importados, também um sinal de distinção, mas fundamentalmente devido ao fato de que a precária indústria brasileira ainda não produzia habitualmente o material. Destaca-se ainda que a empresa possuía uma loja na prestigiosa Avenida Rio Branco, onde se localizava o comércio mais fashionable da ocasião.

A Casa Sportman participou ativamente do desenvolvimento do esporte na cidade. Por exemplo, por lá, em 1916, eram vendidas as Regras Officiaes de todos os Sports, livro majoritariamente dedicado ao futebol, no qual podemos ler na apresentação:

“(…) A Casa Sportman já tão conhecida de todos os amadores do sport, e sendo cada vez mais admirada por todos os sportmen, pela certeza de tê-los bem servido em tantos quantos artigos tem importado da Inglaterra, França e América do Norte, aproveita a oportunidade para ofertar-lhes em agradecimento à preferência que lhe tem dispensado os amigos e tributários dos clubes de sport, as várias regras contidas neste folheto (…)” (apud Toledo, 2000).

Por lá também se vendiam ingressos para jogos de futebol, como, por exemplo, para a inauguração do Estádio de São Januário, em 1927. Para registro, esses eram os preços das entradas: Camarotes – 60$000; Cadeiras de Pista A – 12$000; Cadeiras de Pista – 10$000; Arquibancadas – 5$000; Gerais – 3$000.

Por lá também se pôde votar no concurso que a Companhia de Cigarros Veado fez, em 1930, para escolher o melhor jogador do Brasil, vencido por Russinho, do Vasco da Gama, apoiado enfaticamente pelos portugueses (ver aqui post de João Malaia sobre o assunto).

A Casa Sportman, assim, marcou seu nome na história esportiva da cidade.

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Corrida de automóveis/1908

23/07/2011

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* Localização

Careta, ano 1, número 9, 1 de agosto de 1908

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* Descrição

4 fotos da primeira prova automobilística disputada no Brasil, o Circuito de Itapecerica, em São Paulo. Foto do vencedor Silvio Penteado e aspectos do percurso. A legenda informa o percurso pela cidade.

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* Comentário

Encarado como substituto e superação da natureza (de cavalos e da força humana), o automóvel é uma marca da chamada Segunda Revolução Industrial e um dos símbolos mais importantes do século XX. O automobilismo, em grande medida, é entendido como o exponencial dessa representação simbólica.

É largamente aceito que o primeiro automóvel tenha chegado ao Brasil pelas mãos de Alberto Santos Dumont, um dos precursores da aviação, desde muito jovem interessado pelas “fascinantes máquinas modernas”.

Em 1891, Dumont desembarca no Porto de Santos com seu Peugeot, com motor de dois cilindros da marca Daimler. Logo transferido para a cidade de São Paulo, pode-se imaginar a surpresa da população ao ver aquela máquina barulhenta se deslocando pelas ruas sem a necessidade de cavalos para a tração.

Foram como grandes aventuras que foram vivenciados os primeiros momentos do automobilismo brasileiro. Por exemplo, em 1908 um evento de grande impacto marca a história da modalidade no país: a pioneira aventura automobilística em solos brasileiros. O fato é bastante simbólico: um francês (o Conde Lesdain), já conhecido como desbravador por seus feitos na Ásia e na África, auxiliado por três outros franceses (Henri Trotet, Gaston Conte e Albert Vivès), faz o percurso Rio de Janeiro-São Paulo, justamente as duas cidades mais envolvidas com o automóvel, percorrendo 700 quilômetros em aproximadamente 35 dias; para tal, fez uso de um Brasier.

A ideia de organização de uma corrida de automóveis mais estruturada parece ter sido lançada por uma importante figura da política nacional, Washington Luís, à época um dos secretários do governo de São Paulo. Ao passear com seu carro pelos arredores da cidade, descobriu um percurso que lhe pareceu adequado para uma prova e apresentou a possibilidade para um grupo de membros das elites paulistanas, os mesmos que logo fundaram o Automóvel Clube de São Paulo: estava lançada a ideia do Circuito de Itapecerica.

A comissão organizadora da prova assim estabeleceu as regras para o Circuito: prova no estilo rally, cinco categorias (divididas pela potência dos veículos); taxa de inscrição de 100 mil réis para carros e 50 mil para motos; a proibição de participação de “profissionais” (assalariados, como mecânicos, não podiam participar).

A corrida foi inicialmente marcada para 14 de julho de 1908, com o intuito de homenagear a França; entretanto, um pedido de Miguel Calmon, Ministro dos Negócios da Indústria, Viação e Obras Públicas, intermediado por Aarão Reis, presidente do Automóvel Clube do Brasil, levou à transferência da data.

Em 26 de julho, com três motos e 16 carros inscritos, foi dada a largada do Circuito de Itapecerica, reconhecida largamente como a primeira prova “oficial” do automobilismo brasileiro.

Os competidores deveriam ir à cidade de Itapecerica da Serra e voltar a São Paulo, cumprindo aproximadamente 75 quilômetros. A largada e chegada, local onde se aglomerou grande público, foi realizada no Parque Antártica, espaço que desde o início do século abrigava um complexo de entretenimentos.

Entre os carros, 11 eram de origem francesa (das marcas Delage, Peugeot, Sizaire-Naudin, Renault, Berliet, Clément-Bayard, Lorraine-Dietrich, Herald, Brasier), três eram italianos (Fiat), um era inglês (Brow) e um alemão (Nag). Todos usavam pneus Pirelli. As três motos eram da francesa Griffon. Participaram como pilotos membros das elites paulistas, como Antônio Prado Júnior, alguns cariocas, como Gastão de Almeida, e estrangeiros, como o francês Jordano Laport.

O grande favorito da prova era o já conhecido, por sua façanha de fazer a travessia Rio de Janeiro-São Paulo, Conde Lesdain. Ele, contudo, quando se preparava para a prova, quebrou seu automóvel, algo que se repetiu no dia da competição. O carro mais potente era o Lorraine-Dietrich de 60 HP de Jorge Haentjens, que disputou sozinho em sua categoria.

A grande disputa se deu mesmo entre um carioca e um paulista: Gastão de Almeida, já conhecido por suas aventuras automobilísticas, quebrou o carro próximo à chegada, quando tinha grande vantagem sobre o segundo competidor, Sylvio Álvares Penteado, que acabou por vencer pilotando um Fiat, para delírio do grande número de imigrantes italianos que acompanhava o evento.

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